Tem 5 minutos aí?

Então senta, pega um café e vem me ler...

Eu tinha mais ou menos 15 anos, quando o meu melhor amigo (que depois virou um grande amor) apontou para “Nutrição” na lista de cursos da Universidade que visitaríamos naquele final de semana.

“Nutrição” - falei em voz alta.

Eu nunca tinha pensando muito bem sobre o que eu faria da vida. Até aquele momento eu pensava em garotos. Sofria de amores, escrevia poemas e canções. Colocava música triste para me desaguar em lágrimas.

Chorava na mesma intensidade em que eu ria. Amava livros de romance e fazia questão de ser a protagonista das cenas dramáticas que apresentávamos na escola.

Eu gostava de aparecer. Gostava de ser a cabeça criativa e pensante por trás de um trabalho bem feito. Gostava de achar que eu era a responsável por mudar alguma coisa dentro de alguma bolha. Gostava de ser vista. Gostava de sonhar acordada.

| Sonhos, drama, amor e intensidade.

Acho que eu poderia ser definida assim.

Por mais que agora seja um pouco diferente e os motivos sejam outros: Não existem mais “garotos” (no plural), não existe mais escola, não existe mais a liberdade de poder me fantasiar de qualquer coisa para poder me expressar quando eu bem entender.

Agora eu tenho O garoto: meu filho. Meu lindo filho.

Agora existe a empresa, minha própria empresa, e muitas vezes eu tenho tanta liberdade que nem sei o que fazer a respeito.

Tudo é muito meu enquanto tudo é meio rígido. A intensidade ainda opera, mas as emoções estão meio contidas lá dentro, junto com a ansiedade que hoje é controlada por um medicamento.

Mas ainda existe o sonho de mudar. De me mudar. De mudar o outro. Para que o outro mude o outro, e assim possamos mudar o mundo.

Se souber de mim, vai saber: Sempre estou com alguma sarna pra coçar.

E foi essa sarna que me fez olhar para o vigésimo oitavo curso da lista da Universidade de Viçosa (a primeira universidade que coloquei meus pés) e falar: É isso.

Foi pela vontade de mudar o mundo e as pessoas. Pela vontade de fazer com que, quem passasse por mim, levasse um pouquinho de mim. Pela vontade de me relacionar, de ouvir histórias (agora reais) e ter uma troca (bem dramática) com as pessoas.

E foi assim que eu decidi fazer nutrição.

Mas não foi assim que eu entrei. Eu não aprecio uma entrada sem luta. Eu precisei passar por cima, abdicar, fazer o que meus pais mandaram, ver meu pai morrer diante dos meus olhos e recomeçar. Nesse recomeço eu me perdi, enfrentei familiares, uma outra faculdade e uma depressão. Tudo ao mesmo tempo.

Tudo que só serviu pra eu ter certeza do que eu queria, do que eu sabia, do que eu sonhava. Tudo pra deixar a chegada mais esperada e mais gostosa.

E quando eu cheguei lá, eu não precisei de muito esforço, eu só fui. E simplesmente peguei o que era meu.

As pessoas costumam dizer que eu salvei a nutrição. Mas eu acho mesmo é que foi ela que me salvou.